Pedra Só
Pedra
Só. A solidão da pedra? A unidade da pedra? A pedra em desamparo? Pedra Só.
Pedra
Só é livro e é lugar. Tópos de poemas e algarobeiras. De poemas e aboios. De poemas
e centauros. De poemas e mitos.
Pedra
Só. Epígrafe roseana de autores que se desencontraram. Um, antes do tempo. O outro,
tempos depois. Mas que num Sertão inencontrável o encontro está sempre marcado.
XII
Sertão, cartillha e
dicionário
que recupera o fôlego
do ser
e laça as águas do
momento
que escorregavam da
memória.
Sertão, coisa de
espírito mesmo:
o nome incrustado no
âmago.
No Sertão, o
princípio do enigma,
o galope para dentro
do redemoinho,
e na garupa alforjes
de couro
bordados com a chama
do amor.
O Sertão encourando
os primeiros saberes...
Pedra
Só é também homem & mulher. A copular entre taipas calientes. Em couros de
curtumes antigos e recentes.
V
Um dia, faz tempo,
Na Ribeira do Traipu,
no país das Alagoas,
meu corpo, bezerro
sedento,
cheirava tuas coxas.
Meu sexo adolescente
passeava em tuas
águas intensas,
meu sexo tacheando
teu enxoval.
Pedra
Só é também posfácio. De homem que se faz poeta. Do poeta que não é completo,
mas que é completamente poeta.
Pedra
Só que contamina. Que faz-se também em inspiração. Que vira musa, mas não musa
etérea. Musa chã, de carnadura canção.
À mulher do poeta da
Pedra Só
E a mulher
envelhecida,
Gasta de tanto uso,
De tantos homens,
Reterá na memória
Tanto falo
Tanto espargir de
unto
Tanta glória
De envaidecida
feminilidade?
erre amaral
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