Obra
demiúrgica. Leitura imprescindível para qualquer leitor que anseia em conhecer
mais acerca da traição permanente da linguagem literária, da incapturabilidade
absoluta dos sentidos, de como as tramas das narrativas podem ser mais
intrincadas e enredadas que o “safado comum” do “sarrafaçar” da vida cotidiana.
É
uma obra dividida em duas partes: “O jardim de caminhos que se bifurcam” e
“Artifícios”, que, somadas, apresentam 17 contos com pendor ensaístico, cuja
inventividade ilude leitores noviços e malhados.
O
que implica o não conformar-se com uma única leitura, pois a obra deve ser lida
e relida até que as páginas estejam amarelecidas, para serem novamente
reabertas e mais uma vez lidas.
No
prólogo de O jardim, Borges revela:
Desvario laborioso e
empobrecedor o de compor vastos livros; o de explanar em quinhentas páginas uma
idéia cuja exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular
que estes livros existem e apresentar um resumo, um comentário. Assim procedeu
Carlyle em Sartor Resartus; assim Butler em The Fair Haven,
obras que têm a imperfeição de serem também livros, não menos tautológicos que
os outros. Mais razoável, inepto, ocioso, preferi a escrita de notas sobre
livros imaginários.
(Trad.
de Carlos Nejar) (Globo)
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